Hoje vamos falar sobre esse tema que permeia todos os assuntos abordados aqui. O que é soberania alimentar?
O conceito de soberania alimentar definido pelo movimento Via Camponesa na época em que foi lançada a Declaração de Roma pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Em suma, é "O direito de cada nação a manter e desenvolver os seus alimentos, tendo em conta a diversidade cultural e produtiva." Mais do que isso: é também o direito à alimentação e à decisão quanto ao modo de se alimentar. Ter o direito de saber o que está comendo e que impacto este alimento terá na sua saúde.
O fato é que a indústria alimentícia mecanizou nossa relação com o alimento. A facilidade em obter certos alimentos (comercialmente mais viáveis e rentáveis) retirou da mesa cerca de 90% dos alimentos consumíveis.
O conceito de soberania alimentar definido pelo movimento Via Camponesa na época em que foi lançada a Declaração de Roma pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Em suma, é "O direito de cada nação a manter e desenvolver os seus alimentos, tendo em conta a diversidade cultural e produtiva." Mais do que isso: é também o direito à alimentação e à decisão quanto ao modo de se alimentar. Ter o direito de saber o que está comendo e que impacto este alimento terá na sua saúde.
O fato é que a indústria alimentícia mecanizou nossa relação com o alimento. A facilidade em obter certos alimentos (comercialmente mais viáveis e rentáveis) retirou da mesa cerca de 90% dos alimentos consumíveis.
Com isso, nossa alimentação tornou-se monótona e pobre do ponto de vista nutricional. Sabe porque só encontramos um ou dois tipos de banana no supermercado? Porque as outras variedades não são tão atraentes no que diz respeito ao tamanho, à produtividade, ao armazenamento e transporte, gerando menos lucro para o grande produtor. O mesmo ocorre com batatas, cenouras, feijões, arroz, milho e tantos outros alimentos que possuem muito mais variedades do que podemos imaginar, mas não conhecemos porque encontramos só uma ou duas na prateleira.
Quando saímos dos alimentos convencionais então, o quadro é ainda pior: o que encontramos disponíveis são aqueles alimentos exóticos (não-nativos), importados a preços estratosféricos, cujo consumo é estimulado pela colonização cultural (também conhecida como complexo de vira-lata).
Quando estava grávida visitei uma nutricionista e saí de lá com um cardápio bem variado: mirtilos, framboesas, morangos, alcachofra, salmão, aspargos. Aí pensei: tá, ou faço essa dieta ou compro o enxoval do bebê e faço pré-natal. No mercado do bairro não havia a menor chance de encontrar essas coisas, e ter que percorrer uma longa distância para comprá-las estava fora de cogitação. Você tem tempo? Pois é, eu também não. Assim como você, eu também trabalho.
Então nós, os arigós do asfalto, nos perguntamos: porque temos que preservar todo esse matagal inútil que temos aqui no Brasil ao invés de expandir a produção de alimento? Só para garantir a sobrevivência de um punhado de passarinhos, onças, cobras e jacarés? E o problema da fome?
Aí vem a notícia bombástica, meus amigos: Toda essa biodiversidade não tem nada de inútil. E sua utilidade não está só no fato de manter o clima estável e o cantareira cheio. Mas isso não aprendemos na escola, não é?
Apenas a flora catalogada do Brasil (há muito mais) chega a quase 41 mil espécies. Segundo estimativas, entre 10% a 20% de todas as espécies existentes no mundo têm potencial alimentício, mas aqui temos um salto quantitativo: estima-se que aproximadamente 10 mil espécies da nossa flora sejam total ou parcialmente comestíveis! Isso sem mencionar as potencialidades medicinais. E toda a base alimentícia do mundo (isso nos inclui) está apoiada em cerca de 20 espécies, cultivadas em larga escala. Você não leu errado: não são 20 mil espécies, são 20 mesmo! E se pensarmos em alimentação de origem animal, a coisa é ainda pior.
Milho, arroz, soja, batata, cana-de-açúcar e trigo estão no topo. Depois vêm alguns legumes e frutas, como o tomate e a laranja, o café, etc. Isso varia de um país a outro, mas olhando as prateleiras de hortifruti brasileiras, eu chutaria mais umas 50 espécies por aqui, no máximo, com variações regionais. Destas espécies citadas, sabem quais são nativas do Brasil? Apenas o milho! E meso assim, o milho crioulo é hoje uma raridade: quase todo o milho cultivado é transgênico.
Nossa soberania alimentar está sendo diretamente ferida quando não sabemos se o alimento que comemos é transgênico, se foi usado algum pesticida ou herbicida no seu cultivo (e qual) e também quando não sabemos o que devemos comer para nos mantermos fortes e saudáveis. Não sabemos. Não somos informados nem na escola, nem pela mídia, que nos apresenta os alimentos como mocinhos ou vilões segundo os interesses da cadeia comercial.
Eu também não sei, gente. Estou descobrindo. Mas sei que a alimentação disponível para minha família (e para a sua, certamente) está longe de ser a ideal. Câncer, problemas cardíacos, hipertensão, diabetes e desordens mentais como o autismo (minha filha é autista), apenas para citar algumas, estão aí para provar que estamos no caminho errado. Estamos aqui para aprender, e a participação de todos é fundamental. Este pretende ser um site colaborativo, e conto com vocês na nossa jornada.
Gratidão a todos os que tornaram este projeto possível!
Quando saímos dos alimentos convencionais então, o quadro é ainda pior: o que encontramos disponíveis são aqueles alimentos exóticos (não-nativos), importados a preços estratosféricos, cujo consumo é estimulado pela colonização cultural (também conhecida como complexo de vira-lata).
Quando estava grávida visitei uma nutricionista e saí de lá com um cardápio bem variado: mirtilos, framboesas, morangos, alcachofra, salmão, aspargos. Aí pensei: tá, ou faço essa dieta ou compro o enxoval do bebê e faço pré-natal. No mercado do bairro não havia a menor chance de encontrar essas coisas, e ter que percorrer uma longa distância para comprá-las estava fora de cogitação. Você tem tempo? Pois é, eu também não. Assim como você, eu também trabalho.
Então nós, os arigós do asfalto, nos perguntamos: porque temos que preservar todo esse matagal inútil que temos aqui no Brasil ao invés de expandir a produção de alimento? Só para garantir a sobrevivência de um punhado de passarinhos, onças, cobras e jacarés? E o problema da fome?
Aí vem a notícia bombástica, meus amigos: Toda essa biodiversidade não tem nada de inútil. E sua utilidade não está só no fato de manter o clima estável e o cantareira cheio. Mas isso não aprendemos na escola, não é?
Apenas a flora catalogada do Brasil (há muito mais) chega a quase 41 mil espécies. Segundo estimativas, entre 10% a 20% de todas as espécies existentes no mundo têm potencial alimentício, mas aqui temos um salto quantitativo: estima-se que aproximadamente 10 mil espécies da nossa flora sejam total ou parcialmente comestíveis! Isso sem mencionar as potencialidades medicinais. E toda a base alimentícia do mundo (isso nos inclui) está apoiada em cerca de 20 espécies, cultivadas em larga escala. Você não leu errado: não são 20 mil espécies, são 20 mesmo! E se pensarmos em alimentação de origem animal, a coisa é ainda pior.
Milho, arroz, soja, batata, cana-de-açúcar e trigo estão no topo. Depois vêm alguns legumes e frutas, como o tomate e a laranja, o café, etc. Isso varia de um país a outro, mas olhando as prateleiras de hortifruti brasileiras, eu chutaria mais umas 50 espécies por aqui, no máximo, com variações regionais. Destas espécies citadas, sabem quais são nativas do Brasil? Apenas o milho! E meso assim, o milho crioulo é hoje uma raridade: quase todo o milho cultivado é transgênico.
Nossa soberania alimentar está sendo diretamente ferida quando não sabemos se o alimento que comemos é transgênico, se foi usado algum pesticida ou herbicida no seu cultivo (e qual) e também quando não sabemos o que devemos comer para nos mantermos fortes e saudáveis. Não sabemos. Não somos informados nem na escola, nem pela mídia, que nos apresenta os alimentos como mocinhos ou vilões segundo os interesses da cadeia comercial.
Eu também não sei, gente. Estou descobrindo. Mas sei que a alimentação disponível para minha família (e para a sua, certamente) está longe de ser a ideal. Câncer, problemas cardíacos, hipertensão, diabetes e desordens mentais como o autismo (minha filha é autista), apenas para citar algumas, estão aí para provar que estamos no caminho errado. Estamos aqui para aprender, e a participação de todos é fundamental. Este pretende ser um site colaborativo, e conto com vocês na nossa jornada.
Gratidão a todos os que tornaram este projeto possível!